É bom não abusar da sorte, Bolsonaro
A América Latina está baldeada, a disputa China-EUA e o crescimento mundial preocupam. Resta saber se Bolsonaro saberá lidar com esse coquetel que, em tese não é bom
A crise na América Latina não se arrefece. No Chile, mesmo depois que foi acertado entre os partidos e o governo de Sebastián Piñera uma nova Constituição, nos bairros populares de Santiago do Chile, continuam as depredações e ataques a quartéis e corporações.
Na Bolívia, os partidários do Mais, partido do ex-presidente Evo Morales, exilado na Cidade do México, que está proibido de participar da nova eleição naquele país – estão engessando o país.
Na Colômbia, grande manifestações contra o Presidente Ivan Duque, um direitista, geraram tropas nas rias de Bogotá com direito a toque de recolher.
Enfim, está sobrando para governos liberais, ou conservadores, como para governos sociais, ou progressistas, como na Bolívia. Não está fácil para ninguém. As populações estão com paciência zero com os poderosos. A Argentina tem o novo presidente que assume agora em dezembro. Aqui no Brasil, parece que o pior do Governo Bolsonaro passou.
Nessa chegada da terceira parte do mês de novembro, vieram as boas notícias da mais baixa inflação desde 1998 e mais um trimestre de aumento da ocupação, tímido, é verdade, mas indica que promete se manter assim. Já tem gente voltando a projetar um Produto Interno Bruto (PIB), para 2020, perto de 2,50%.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê um PIB mundial crescendo 2.9% e pediu “medidas urgentes” para ativar a economia mundial. A OCDE estima que esse momento difícil se dá por conta da digitalização da economia, mudanças climáticas e nova configuração geopolítica.
Na sexta-feira, 22, o conselheiro de Estado da China, Wang Yi, na reunião de ministros do G20, na cidade de Nagoia, no Japão, fez o mais duro ataque aos Estados Unidos afirmando que o país presidido por Donald Trump.
“Os EUA estão amplamente engajados no unilateralismo e no protecionismo e são prejudiciais ao multilateralismo e ao sistema comercial multilateral. Já se tornaram o maior fator de desestabilização do mundo”, disse Wang, segundo o Ministério das Relações Exteriores chinês.
Um motivo para preocupação do Governo Bolsonaro, que não tem base político, seria uma organização entre os oposicionistas realizada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, solto desde o dia 8 de novembro, porém a postura tomada por Lula logo ao sair do cárcere e na falação durante do 7º Encontro Nacional do PT apontam que Lula vai apostar mesmo na polarização o que vai afastar a possibilidade de uma aglutinação das esquerdas.
Isso está cada vez mais difícil, partidos como o PDT, PSB, PPS e REDE não devem ser atraídos por Lula. A força centrípeta do Lulismo não é mais a mesma. Ajuda Bolsonaro o fato de estarmos no final do ano, quando, tradicionalmente, existe uma natural desarticulação dos movimentos de rua. A chegada do final do ano associada com o período natalino, as férias/recesso tanto do poder Legislativo como Judiciário assim como das férias escolares e a decisão do governo de não lançar a reforma administrativa foram um achado para o governo. Na verdade, todos os governos ganham com esse período do ano.
A América Latina está baldeada, a disputa China-EUA e o crescimento mundial preocupam. Resta saber se Bolsonaro saberá lidar com esse coquetel que, em tese não é bom, mas que a princípio não vem lhe afetando.
É bom não abusar da sorte!
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