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O Norte e Nordeste e as privatizações

Na semana que passou, um grupo grande de deputados, a maioria simpáticos ao governo Bolsonaro, criou uma frente parlamentar de fortalecimento dos órgãos federais

10 de junho de 2019, às 09:00 | Genésio Júnior

Não resta dúvida que apesar das manifestações de maio, os últimos tempos têm sido bem melhores para o Presidente Jair Bolsonaro.

A imagem do Presidente quase sempre com tez rígida, contrita, olhando ao largo, com palavras vagas não raro irritado, quase não foram mais vistas. O Presidente sempre que podia usava do sorriso e abusou dos bons momentos da pré-campanha presidencial do ano passado.

Ele conseguiu dividir opiniões entre gente simpática ao governo, mas que desconfia de seus movimentos. É verdade que não deixou de cometer erros, seja com o decreto das armas, seja com a proposta de mudar o Código Brasileiro de Trânsito, mas venceu votações no Congresso e passou ao largo da sensação de que era um líder menor que seu ministro da Justiça, Sérgio Moro.

Para completar esse bom momento veio a decisão do pleno do Supremo Tribunal Federal (STF) que lhe vai permitir que se façam desinvestimentos (ou privatizações) sem que o Congresso Nacional seja ouvido. Bem, é verdade que o Supremo deu limites. Não dá para vender a Petrobras, mas pode vender algumas de suas 33 subsidiárias.

É justo que o Governo decida sobre manter braços de estatais em nome do corpo. Enfim, governo nenhum tem direito de tomar decisões sobre vendas de ativos federais que tem uma história que representa momento nacionais. Não é só o caso da Petrobras.

Na semana que passou, um grupo grande de deputados, a maioria simpáticos ao governo Bolsonaro, criou uma frente parlamentar de fortalecimento dos órgãos federais. Eles focaram em instituições nordestinas, apesar da frente contar com apoio de deputados de diversas regiões. Estatais como Banco do Nordeste, Chesf, Dnocs, Sudene, Codevasf são o foco dessa iniciativa, mas estatais como o Banco da Amazônia, voltada, evidente, ao Norte do Brasil -  também deve ser preservada.

Um experiente deputado, Roberto Pessoa(PSDB-CE), que voltou ao Congresso depois de muito tempo, disse que muita coisa tem que ser privatizada no Brasil, mas fez questão de dizer que muitas não devem ser passadas para frente, não. O Nordeste e o Norte do Brasil são regiões conhecidas por necessitar mais do Estado do que outras do Brasil.

O Nordeste votou em massa contra o novo governo, o que não foi o caso do Norte do Brasil. O Nordeste muito por conta da saudade dos bons tempos dos Governos de Luiz Inácio Lula da Silva. O Norte se encantou com as dúvidas que Bolsonaro impôs às políticas de meio ambiente, que ambicionavam cuidar mais da floresta do que do homem (?!). Apesar das diferenças de abordagens, as duas regiões tem estatais que foram criadas durante a Era Vargas ou durante os anos do regime de exceção, montado a partir de 1964.

Umas são fruto de uma vontade nacional ou do querer de tecnocratas. Ambas, arrisco dizer, geraram mais frutos que dessabores aos brasileiros das duas regiões.

A decisão do Supremo sobre desinvestimentos (ou privatizações) provoca nas sociedades das duas regiões muitas dúvidas e incertezas, apesar de uma aparente convicção de que o Governo Federal terá muitas dificuldades de acabar ou vender essas empresas.

Essas companhias, a maioria delas, precisam, sim, de reformulações e repactuações. As dificuldades que o Governo Federal terá para lidar com elas  tendo que convencer o Congresso e face a possibilidade de terem mais resultados com as vendas, simples assim, das subsidiárias poderão impedir que o novo avance. As elites políticas e econômicas do Nordeste e do Norte precisam enfrentar o resto do Brasil e dizer que podem sim, também, dar um passo além e propor as mudanças necessárias. Um desafio e tanto.

DNOCS


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