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Os desafios de Lula e Bolsonaro em duas regiões emblemáticas do Brasil

Mais que um país bipartido entre ricos e pobres, entre remediados e depauperados, tem mais para a gente lidar

12 de outubro de 2022, às 11:30 | Genésio Junior

Estamos na segunda semana das quatro que nos leva ao dia da eleição em segundo turno, mas ao vermos os últimos números eleitorais observamos que algumas coisas de 2018 continuam vivas. Foi demonstrado aos dois lados que estão em disputa como eles lidaram com as duas regiões que mais precisam do Estado Brasileiro. O Norte com sua Hileia e o Nordeste marcado pela Caatinga.

Em 2018, o Norte, mesmo dependendo muito do sucesso dos programas sociais montados em governos sociais-democratas, como de Lula, notadamente, votou com destaque na proposta liberal e anti-política de Jair Bolsonaro, enquanto que no Nordeste, também encantado com programas sociais, votou em massa no preposto do lulismo naquela época, o ex-ministro Fernando Haddad (PT).

A eleição, agora, é outra, mas apesar de Lula ter vencido no Norte e no Nordeste, ficou claro que as coisas não são tão simples assim. 

Bolsonaro venceu nas cidades onde tiveram mais desmatamento, para espanto de alguns o seu Partido Liberal elegeu a primeira deputada negra de direita no norte, Silvia Cristina (PL-RO), e a primeira deputada indígena de direita Silvia Waiãpi (PL-AP). Fora Amazonas e Pará, Bolsonaro venceu, bem, em todos os estados do Norte, especialmente nas regiões desmatadoras.

O que a gente observa é que as esquerdas continuam sem conseguir falar direito com o povo do interior da Amazônia profunda e nem Bolsonaro consegue falar para o povo da Caatinga. O que é que está havendo?!

O povo da Amazônia profunda, que não tem a índústria da Zona Franca e nem o dinamismo do Pará - avalia que existe uma presunção das esquerdas de quererem cuidar mais da mata que do povo e face ao protagonismo das Forças Armadas por lá existe um sentimento de que o poder está com eles mais ainda. A eleição de minorias associadas com a direita é uma prova cabal disso.

Por outro lado, Bolsonaro e a direita não conseguem se comunicar com os nordestinos das classes mais humildes. Não é por conta do tal analfabetismo, dito por Bolsonaro nesta semana. É outra coisa.

Lula é a cara da ascensão social do nordestino, mas Bolsonaro fez um governo de classe média. Suas motociatas são a cara disso. Ele sempre tratou o auxílio emergencial como uma esmola. Nunca soube dizer para essa gente que ele estava bancando um suporte aos mais pobres, independente da tal responsabilidade fiscal tão adorada pelas elites. Ele não soube sofrer com essa gente.

Estamos em 2022 e mais que um país bipartido entre os ricos e os pobres, entre os remediados e os depauperados, tem mais para a gente lidar. O Brasil é muito maior do que alguns pensam.

O dia 30 vai chegar e um dos lados vai ganhar. O Norte é a cara do cuidado com o Meio Ambiente que será fundamental, pois move uma das letrinhas do padrão mundial ESG. Bolsonaro vai depender muito do Centrão, se vencer, eles não vão permitir que ele faça o que quer com a Amazônia, acredite, o mercado não vai deixar. 

Por outro lado, se Lula vencer, ele vai ter que saber se comunicar com essa gente brasileira do chamado “inferno verde”, como dizia Euclides da Cunha. Não dá para achar que eles vão aceitar a lógica da floresta em pé, tratando eles como imbecis que não entendem o que é pós-moderno, não se empurra políticas públicas.

O Brasil não é para qualquer um!

Os desafios dos dois candidatos / FOTO: EXAME


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