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Paulo Guedes, assim, complicou de novo?!

Vamos torcer que a Comissão Mista da Reforma Tributária engrenhe, mas na melhor das hipóteses ela vai deixar algo pronto para o final do ano, quando as eleições passarem

17 de fevereiro de 2020, às 11:00 | Genésio Júnior

No final de 2019, vimos uma enxurrada de notícias positivas na economia. Redução da inadimplência, recuo tanto do desemprego como na desocupação.

No primeiro mês do ano, veio a informação de que os empresários do setor industrial anunciavam vontade de investir mais em 2020, a produção de petróleo aumentou, houve um movimento maior nas vendas no comércio, geramos 644 mil empregos formais, já agora, em fevereiro, saíram os números do setor de serviços que avançou como há anos não fazia.  A taxa Selic do Banco Central é a menor da história em 4,25%, movimentação no setor habitacional com redução do juro, na base.

Enfim, deu a impressão clara de que agora vai! De quebra, antes do breu pegar no Congresso e no Judiciário, ficou nítido um acordão para tocar as reformas.

A notícia na sexta-feira, 14, de que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de 2019 aponta que teríamos crescido 0,89% no ano passado surpreendeu meio mundo. No início de 2019 se trabalhava com um crescimento de 2,5%, logo se viu que não iria dar certo. Chegamos ao fim de 2019 com a clara impressão de que iriamos crescer um pouco mais de 1%. 

Em março de 2019, o IBGE divulgou o batimento reajustado do PIB de 2018 que apontava crescimento de 1,3%, pouco além do que se estimava em 1,1%, inicialmente. O final do Governo Temer, um ano eleitoral em que vivemos o drama da greve dos caminhoneiros, teria tido um crescimento acima, bem acima, é verdade, do primeiro ano do Governo Bolsonaro?

O IBC-Br do Banco Central não é o índice oficial de nosso PIB. Temos que esperar depois do Carnaval, no início de março, os números oficiais. Vamos torcer que os números sejam melhores. Também nessa sexta-feira,14, saíram os números regionais da PNAD contínua que mostraram que nossa desocupação está em 11%, mas o que chamou atenção é que se a região sul a desocupação parece até de um país desenvolvido, em 6,8%, na região Nordeste chega a 13,6%. Esse desequilíbrio explica muito ranger de dentes. Não pode dar certo!

A onda reformista que vinha chamando muita atenção também não parece muita coisa, agora. É verdade que não vem a ser só a temeridade de fazer reformas em ano eleitoral, mas a série de declarações desastradas do ministro da Economia, Paulo Guedes, tais como comparar servidores com parasitas, claro preconceito contra as domésticas, ou o “relâmpago” desenvolvimentista para aumentar o dólar – foram pra lá de impactantes.

Essa combinação não é nada interessante. A resistência de nossa economia engrenar era colocada na conta da incapacidade de nosso Presidente da República, conhecido por espalhar mais que juntar. Agora, vemos o presidente com alguns gestos interessantes, tanto ao conversar mais com os presidente dos outros poderes como ao ajustar sua equipe palaciana. O problema vem de sua equipe econômica.

Fica nítido isso. Quando Guedes fez a declaração contra os servidores nenhum de seus auxiliares diretos, todos servidores públicos, fez alguma menção. O único da turma de secretários a falar foi o milionário Salim Mattar, da Secretária Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados, aquele que está no governo para “matar” empresas públicas. Agora, vem o comando do Banco Central mostrando que tem mais juízo que o titular da Economia.

Vamos torcer que a Comissão Mista da Reforma Tributária engrenhe, mas na melhor das hipóteses ela vai deixar algo pronto para o final do ano, quando as eleições passarem. Quanto a reforma administrativa, arrisco dizer que é mais fácil Paulo Guedes ganhar na Mega Sena que aprovar 1/3 do que ele um dia imaginou para esse pacotão!

Não precisávamos dessa!

Ministro da Economia, Paulo Guedes / Foto: VEJA


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