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PSL x PT: A polarização é irresistível?

Nos próximos dias veremos, com a ausência do candidato Jair Bolsonaro (PSL) das ruas, uma movimentação forte dos candidatos mais competitivos andando pelo Nordeste

17 de setembro de 2018, às 09:30 | Genésio Júnior

Faltam menos de três semanas para as eleições gerais em primeiro turno. Segundo as principais pesquisas, divulgadas até o momento, existem em torno de 68 milhões de eleitores que não se decidiram em quem votar, ou que podem mudar o voto.

A terceira pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira (14/09) de setembro, já avaliando o cenário com a confirmação do ex-prefeito Fernando Haddad como o candidato do PT, chamou muita atenção. A pesquisa revelou que o eleitorado do Nordeste já coloca Haddad (Andrade) em destaque. Ele mal chegou e já sentou na janela. Pesquisas anteriores ao registro das candidaturas apontavam que 30% do eleitorado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia votar num candidato apoiado por ele. Há quem especule no PT que isso poderá chegar, na prática, a 80% dos apoiadores de Lula.

Nos próximos dias veremos, com a ausência do candidato Jair Bolsonaro (PSL) das ruas, uma movimentação forte dos candidatos mais competitivos andando pelo Nordeste. Ciro Gomes, Marina Silva e o próprio Haddad. O outro candidato com alguma competitividade, Geraldo Alckmin(PSDB), se anuncia, mira um novo patamar de sua campanha no horário eleitoral e mídias sociais. O foco será atingir tanto Fernando Haddad como Jair Bolsonaro.

Ressalte-se que Bolsonaro, após o atentado que sofreu, cresceu no Nordeste e está quase empatado com Haddad na região (20% um e 17% o outro). Falamos muito do Datafolha, mas o instituto Ibope mostra que 53% do eleitorado antipetista está votando no candidato Bolsonaro. É bom destacar também que se juntarmos todos os candidatos de centro teríamos um total de 23% dos votos. Se somarmos os votos, segundo a pesquisa Datafolha, do candidato Ciro Gomes (PDT) teríamos 36% dos votos disponíveis com amplas condições de arrastar os indecisos. 

As forças estão aí, porém enquanto os pólos do extremo caminham à consolidação não vemos nada neste sentido entre aqueles que poderiam ser a nota do equilíbrio (?). Não parece ajuizado imaginar que haverá uma concessão ao meio termo nesta eleição.

As pessoas parecem não se assustar com as declarações do General Hamilton Mourão, que defendeu um “autogolpe” e depois disse que caberia uma nova constituição feita por notáveis, depois avalizada por um plebiscito. As pessoas parecem não se assustar com os argumentos levados adiante por Fernando Haddad que é possível voltar no tempo e resolver todos os nossos problemas com um crescimento econômico parecido com o último ano de Lula, em 2010, com 7,5%.

As pessoas caminham para se associar, a não ser que mude algo até lá, e isso está ficando cada vez mais improvável - com a polarização. O “Imponderável de Almeida”, como dizia Nélson Rodrigues, pode entrar em campo a qualquer momento.

O eleitorado nordestino poderá ser decisivo para essa formação da consolidação da polarização. Em tese, os nordestinos são simpáticos, em sua maioria, ao ex-presidente Lula. A classe média nordestina foi influenciada nos últimos anos pelo ocaso petista, no entanto é complexo analisar para onde irá. Na pesquisa Datafolha da última sexta-feira, 14, Bolsonaro avançou ainda mais na renda entre 5/10 salários mínimos, saindo de 38% para 43%. Haddad, mal chegou, já avançou de 8% para 11% , e Ciro Gomes caiu de 14% para 11%.

A dúvida é se Ciro Gomes e Marina Silva vão conseguir barrar esse crescimento de Haddad no Nordeste ou se Ciro e Alckmin vão conseguir representar um meio termo.  A polarização caminha firme, mas nada garante que a onda será irrefreável.

Uma coisa é certa, o Nordeste não elege presidente, mas sem o Nordeste ninguém se elege presidente.

Bolsonaro e Haddad / Foto: Metro Jornal


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